terça-feira, setembro 17, 2013

A verdadeira vida de mãe

Ser mãe não é exatamente o que dizem por aí. E só quem já é mãe sabe o que estou querendo dizer. Antes de engravidar eu ouvi o mesmo papo que eu aposto que todas vocês também ouviram: que ser mãe é padecer no paraíso, que só depois de ser mãe a gente conhece o amor de verdade, que depois que nascem os filhos a gente nunca mais vai dormir novamente. Acontece que essas frases já são mais do que clichês batidos. E nenhuma delas diz exatamente o que é ser mãe.

Na verdade, eu acho que essas frases mais oprimem do que ajudam. Porque colocam uma "aura" de super mulher ao nosso redor e a gente mesma passa a acreditar nisso e nos cobrar quando não conseguimos cumprir todas os mil papéis que insistimos em nos atribuir. Queremos ser as melhores esposas, as melhores mães, as melhores profissionais e as melhores donas de casa. Assim mesmo, tudo ao mesmo tempo agora. E, de preferência, sem precisar da ajuda de ninguém.

Aí, quando as coisas começam a não sair do jeito que imaginamos, vem a nossa amiga culpa. Achamos que não somos boas o suficiente, que não sabemos educar corretamente nossos filhos, que não somos boas profissionais e por aí vai. Quando, na verdade, não é esse o problema! A maior parte de nós é completamente capaz de cumprir com tudo isso. Acontece que não dá para fazer tudo ao mesmo tempo, nem tudo perfeitamente, muito menos sem ajuda.

Quando a licença maternidade do meu primeiro filho acabou eu estava louca para voltar a trabalhar. Um mês antes eu pesquisei todas as creches dos arredores e e escolhi a que eu considerei melhor. Fiz a adaptação uma semana antes e tudo saiu maravilhosamente bem. Depois de algumas semanas, as coisas começaram a desandar. O Vítor ficava doente semana sim, outra também. Algumas vezes eu chegava em casa tão cansada que não tinha o menor ânimo de arrumar ou limpar absolutamente nada. No trabalho eu ficava me culpando pelo Vítor doente e pela casa bagunçada, então não rendia direito. Não preciso nem dizer que comecei a entrar em parafuso, né?

Levou muito tempo até eu entender que a maior parte das coisas pelas quais eu me culpo não são realmente culpa minha. Crianças ficam doentes e, com exceção de alguns casos específicos, isso não é culpa da mãe. Não dá para trabalhar fora o dia inteiro e deixar a casa um brinco todos os dias, como se tivesse ficado em casa esse mesmo dia inteiro. Aprendi a fazer o meu melhor possível e relaxar quanto ao resto. Não vou dizer que consigo fazer isso perfeitamente! Agora mesmo estou em casa cuidando da caçula que está com febre e tentando não morrer de culpa por não conseguir trabalhar direitinho do jeito que costumo fazer. Mas já estou muito melhor do que antes, agora já sei que ela não está doente por minha culpa e que estou fazendo o que posso. Se comparar com o que eu sentia antes, isso é um grande avanço! E sei que não estou sozinha neste sentimento, muitas e muitas mulheres se sentem exatamente como eu.

A grande vantagem de "investir" nessa aprendizado foi que, assim, aprendi a curtir a verdadeira maternidade, a verdadeira beleza de ser mãe. Aquela maternidade que não é o tempo todo boa e nem o tempo todo ruim. Que tem coisas difíceis sim, que me deixam sem saber o que fazer muitas vezes. Mas que, na maior parte do tempo, me traz muitas e muitas alegrias. Das coisas mais conhecidas até as mais simples, que só as mães podem saber.

*post de minha autoria publicado originalmente no blog Mulher e Mãe, em 2011.

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