quinta-feira, agosto 21, 2014

Será que não estamos boicotando o aprendizado de nossos filhos?

Imagem: Dreamstime

A gente sempre ouve dizer que criamos filhos para o mundo. Mas o quanto realmente temos consciência disso? E o quanto realmente fazemos as coisas nesse sentindo, ou seja, o quanto preparamos e realmente criamos nossos filhos para enfrentar o mundo?

Eu sempre achei que estava fazendo o melhor para que eles soubessem se virar sozinhos. Até que um dia me dei conta de que estava sabotando o aprendizado deles com a minha impaciência e minha mania de perfeição. E quantas de nós não fazemos o mesmo? Não deixamos que eles guardem as roupas porque não ficam bem dobradas. Não deixamos que eles coloquem os pratos na pia porque não seguem a ordem que fazemos dentro da pia. Não deixamos que eles arrumem o quarto porque demoram demais e estamos com pressa.

Até com os maridos a gente faz isso! Quantas vezes não vi amigas minhas reclamarem que os maridos não ajudam em casa, mas no decorrer da conversa percebemos que muitas vezes, quando eles tentam ajudar, são boicotados por elas que acham que eles não fazem as coisas do jeito certo. É a velha história de querer ser a rainha do lar, no pior sentido possível.

Deixar que nossos filhos aprendam em seu próprio ritmo e com seus próprios erros não é uma tarefa fácil. Mas prefiro encarar que é um aprendizado para eles e outro para mim. O Vítor tirou especialidade de costura no Escotismo e agora cismou que ele mesmo irá costurar os distintivos em seu uniforme. E se formos pensar direito, ele está coberto de razão. Na primeira tentativa ele conseguiu quebrar a agulha e meu primeiro impulso foi dar uma enrolada nele e eu mesma costurar tudo, como sempre fiz (não que eu seja muito boa nisso também). Mas parei e pensei: como ele vai aprender se eu ficar boicotando o aprendizado dele? Os erros são uma parte importante desse processo, é preciso respirar fundo e ter paciência. Desta vez eu consegui fazer isso, fui na mercearia ao lado da casa e comprei outras 10 agulhas, para que ele tenha mais opções da próxima vez...

Claro que é preciso ter sempre em vista os riscos e respeitar que crianças de diferentes faixas etárias têm diferentes graus de aprendizado. E se ela pode se machucar aí não dá para deixar mesmo. Mas, no caso da costura, por exemplo, o máximo que pode acontecer é ele espetar o dedo algumas vezes, isso não mata ninguém. Em outros casos, como cozinhar, uma supervisão (sem muitas interferências) resolve. E os resultados serão muito importantes, mesmo que só mostrem suas caras lá no futuro.

Ah! Outra coisa que considero super importante é quebrar com os velhos tabus: meninas aprendem tarefas domésticas, mas meninos não. Os maridos de hoje, que não sabem como ajudar em casa, foram criados sob esses tabus, é realmente isso que queremos perpetuar? Alice ainda é pequena e o aprendizado dela ainda está no começo, mas farei o possível para que seja feito da mesma forma do irmão, que com 8 anos já sabe cozinhar alguns pratos simples, lavar suas cuecas e arrumar seu quarto (tá, essa parte ainda precisa de um aperfeiçoamento, mas não foi por falta da mãe ensinar). Espero que minha futura nora me agradeça um dia.

E você, como tem lidado com isso?

*post publicado originalmente no extinto blog Mulher e Mãe, em agosto de 2012

Nenhum comentário: